As Atualizações do Algoritmo do Google

Alexandre Kavinski

16 Março 2020
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- Por Alexandre Kavinski, CMO na i-Cherry

 

Volta e meia o Google faz atualizações do seu algoritmo de busca. Só no site da Moz são listadas mais de 50 grandes atualizações, entre confirmadas e não confirmadas, desde 2015. As principais atualizações são normalmente confirmadas e endereçadas pelo próprio buscador e normalmente põem a comunidade de SEO em polvorosa.

Mas mesmo que você não trabalhe com SEO isso também diz respeito a você. As atualizações do Google são focadas na experiência do consumidor e podem ter impacto significativo, para bem ou para mal, no tráfego para o seu website.

As principais atualizações desde 2010 não passam de uma dezena e mostram claramente a evolução não só da ferramenta, mas também do comportamento de busca e o desenvolvimento da própria internet.

Os Primórdios da Busca

Até a chegada do Google o principal fator para posicionamento de um site estava baseado no conteúdo e, em alguns casos mais extremos, na ordem alfabética. O problema deste algoritmo é que o poder todo de influência no resultado estava sob o controle dos webmasters e muitos exploravam as ferramentas de maneira artificial, inundando suas páginas de palavras-chave num conteúdo de baixa relevância.

Quando o Google entrou no mercado, introduziu o Page Rank: nome relacionado a um de seus fundadores, Larry Page. Page estava tentando entender como um trabalho científico era mais ou menos reconhecido e identificou que um dos principais fatores de relevância para estes trabalhos era o número de citações que recebia de outros trabalhos do meio. Ele aplicou esta mesma lógica aos resultados de busca, dando mais relevância para páginas que recebiam links de outras páginas, tirando parte da independência dos criadores de sites em influenciar seus resultados. Acho que não preciso dizer o quanto foram bem sucedidos.

A primeiras duas grandes atualizações do Google

2011 e 2012 foram os anos em que o Google realizou suas duas primeiras grandes atualizações, respectivamente o Panda e o Penguin. O foco destas atualizações estava na qualidade dos conteúdos. No Panda páginas de conteúdo raso ou conteúdos repetidos que apareciam também em outras páginas ou sites passaram a ter um peso menor, incentivando a criação de conteúdo rico e exclusivo. O Penguin seguiu na mesma linha e começou a penalizar sites que tentavam aumentar artificialmente sua rede de links externos.

Google Hummingbird

Enquanto Panda e Penguin foram atualizações do algoritmo do Google, o Hummingbird foi muito mais profundo e representa a primeira grande "refação" do algoritmo do buscador. O principal foco desta atualização foi capturar e tratar sinais que traduzissem a intenção por trás de uma busca. Por exemplo, quando busco por “natal” estou buscando pela cidade ou pela data? Esta atualização também ficou famosa por inserir o knowledge graph, um bloco de conteúdo que poderia vir no formato de texto, imagens, mapas e afins que respondia no próprio resultado de buscas algumas das necessidades do usuário. Foi aqui também que o Google começou a trabalhar com mais propriedade seus algoritmos de processamento de linguagem natural que vem em constante evolução até os dias de hoje.

Atualizações de 2015

2015 foi um ano de três grandes atualizações, a primeira dela guiada pela ascendência das buscas em dispositivos móveis. 2015 foi o ano em que o Google se tornou mobile first e não foi diferente com seu algoritmo que passou a dar mais ênfase e prioridade para sites móveis. Hoje mais das metades das buscas do Google advém de aparelhos móveis.

Além de uma outra atualização do índice de qualidade a grande novidade de 2015 foi o Rank Brain, que começou a aplicar machine learning em seu algoritmo, considerado uma evolução turbinada do Hummingbird agora as buscas dos usuários eram consideradas também do ponto de vista do histórico de navegação e busca do usuário, sua localização e outros fatores retornando resultados personalizados para cada usuário.

Google BERT

Realizada em 2019 esta atualização é uma evolução da inteligência artificial do Google e em especial de seu algoritmo de interpretação e geração de linguagem natural. Segundo o próprio Google esta atualização teve maior impacto nas buscas que acontecem no formato de perguntas ou frases, que correspondem a aproximadamente 20% das buscas realizadas na plataforma.

Você pode saber mais sobre o Google BERT em um artigo meu de 2019.

Futuro da Busca

A tendência agora que o Google é uma empresa AI First é que no lugar de grandes alterações de algoritmo veremos cada vez mais uma evolução constante da inteligência artificial do Google já que o histórico de navegação e a coleta de dados retroalimentam o algoritmo. Uma outra tendência forte para o futuro dos buscadores está na capacidade preditiva da ferramenta em interpretar necessidades que muitas vezes o usuário nem sabe que tem e dar suporte preditivo em toda a jornada. Esta tendência será anabolizada pela intensificação da adoção dos assistentes virtuais, fator que o Google BERT já começou a levar em consideração.

Muito Mais Que Uma Busca 

Entender os caminhos e apostas do Google nos ajuda não só a entender como podemos estar melhor preparados para conquistar posições nos resultados do Google, mas nos ajuda especialmente a vislumbrar as tendências do mercado, entender melhor o comportamento dos usuários e entender para onde a internet está indo. Vale a pena ficar de olho.

Alexandre Kavinski


Pioneiro do mercado de search no Brasil, Kavinski é Chief Marketing Officer (CMO) da i-Cherry, agência de gestão de audiência do grupo WPP. Atua no mercado digital desde 1997, nos primórdios da internet. É pioneiro em Search Marketing e fundou a sua primeira agência de performance em 2000. Já atendeu diversas companhias ao longo de sua trajetória, ajudando marcas como Coca-Cola, Microsoft, Avon, Americanas, Ford, J&J, 3M e MasterCard. Após uma temporada de 4 anos no mercado americano, onde desenvolveu a área de Performance Marketing, incluindo search, social e mídia programática da Mirum EUA voltou ao Brasil no início de 2019 para aplicar novas práticas e processos na i-Cherry.

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